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sábado, 9 de abril de 2011

Análise das Máquinas > 01/06

CAPÍTULO 1
AS MÁQUINAS DESEJANTES

A produção desejante

O passeio do esquizo <

Como se preparar uma máquina infernal? Como situar personagens dentro de um espaço com o qual eles – máquinas desejantes (esquizofrênicas) – vão dialogar e se acoplar? O que é um espaço “infernal” para nós, máquinas produtoras?

Natureza e indústria. O processo <<

Quando a relação homem-natureza entra em operação, as esferas de produção, distribuição e consumo são produzidas. Tudo é produção. O próprio registro e o consumo são produções de um mesmo processo. Processo este no qual homem e natureza são vistos como uma só e mesma realidade: a de produtores e produtos. Processo que não deve nunca ser tomado como fim.

A produção como processo parte do desejo como seu princípio imanente. O homo natura é o esquizofrênico e a realidade essencial do homem e da natureza é essa, a da produção (que se executa tendo o desejo como princípio).

Máquina desejante, objetos parciais e fluxos: e... e... A primeira síntese: síntese conectiva ou produção de produção <<<

As máquinas desejantes são binárias (de regra binária ou regime associativo): uma máquina está sempre ligada a outra. É linear em todas as direções. O corte que se opera entre elas é uma extração de fluxos. É o desejo quem move o processo da produção desejante. Objetos parciais produzem fluxos e cortam fluxos. Qualquer objeto supõe a continuidade de um fluxo (ele – objeto – produz o fluxo?) e qualquer fluxo supõe a fragmentação de um objeto (que agirá como extrator do meu fluxo?).

Assim, essa primeira síntese, dada entre um objeto parcial e um fluxo, sugere outra forma: produto-produzir. Visto que o produzir já se encontra dentro do produto (por isso a produção desejante é produção de produção). Não podemos avaliar o objeto esquizofrênico fora do processo de produção (a produção está nele).

O esquizofrênico é o produtor universal. A sua não-terminação é um imperativo da produção (ele está sempre produzindo). Nele, sobrevive uma indiferenciação do produto e do produzir. Em resumo, a regra de produzir sempre o produzir, de inserir o produzir no produto, é a característica das máquinas desejantes ou da produção primária: produção de produção.

Produção do corpo sem órgãos <<<<

Objeto parcial. Fluxo. E um terceiro termo na série linear: enorme objeto não identificado. Porque num dado momento tudo pára, para depois recomeçar. Sendo assim seria melhor que nada funcionasse. Sair da roda dos nascimentos. Estarão as máquinas suficientemente avariadas para se entregarem e nos entregarem ao nada?

É que se os fluxos estão bem ligados e os objetos parciais são demasiadamente orgânicos, percebe-se que as máquinas desejantes fazem de nós um organismo, um corpo pleno. Mas dentro dessa produção o corpo sofre por estar organizado dessa forma ou mesmo por não ter outra organização possível.

O corpo pleno sem órgãos é o improdutivo, o estéril, o inengendrado, o inconsumível. Seu nome é instinto de morte. Porque o desejo também deseja a morte: o corpo pleno da morte traz ao motor do desejo a sua imobilidade. O desejo deseja também a vida, porque os órgãos da vida são a working machine do desejo. O corpo sem órgãos é produzido na síntese conectiva assim como a identidade do produzir e do produto. É um corpo sem imagem, perpetuamente re-injetado na produção. O corpo pleno sem órgãos (CSO) é anti-produção. Uma característica da síntese conectiva ou produtiva é ligar a produção à anti-produção, a um elemento de anti-produção.
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Diogo Liberano