o ponto de vista como dramaturgia. estive pensando, de que maneira acontecer o terceiro ato do espetáculo? é um ato decisivo, que intensifica e instaura de vez a batida violenta da tragédia. logo, como dar conta dessa agilidade, dessa voracidade que o trágico parece necessitar para acontecer?
pensei nas repórteres que aparecem no telejornal. pensei no verbo sensacionalizar. não sou repórter, sou sensacionalista. as palavras que digo não dependem da verdade, elas agem direta sobre a sua sensibilidade. são ficção e dramaturgia. nem tanto fato, quiçá retrato. as minhas palavras são a minha incapacidade plena de tocar no fato – por vezes, simples – como pedras.
então pensei: não seriam elas, essas vedetes da microfonia? não seriam elas aquelas que levariam a história adiante? até o ponto em que da ficção suspeitamos, por ser tão absurda, por ser tão dolorosa? não seriam elas, as repórteres, o filtro disso tudo?
pensei pelo olhar delas. que pelo ponto de vista delas, a dramaturgia escrita se reescreve em cena. pensei que será engraçado. depois achei ser mordaz. depois tive ódio por ser exatamente isso que me afeta. como há uma montagem sobre-fatos que torna os fatos acontecimentos, eventos, estreias e muito menos o acontecimento em si.
sobre como se perde a coisa contando a coisa com esse teor violento e enrubecido. eu gosto. acho que por enquanto só eu entendo tudo isso. na minha cabeça. mas vai rolar. são duas. são elas. joana bravo e carolina wellerson.
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