eu me provoco tanto quando começo um novo projeto. quando eu estou criando eu me vejo apontando para mim mesmo as armas mais poderosas. eu de fato me lanço em meio ao fogo e sem muitas chances de escapar. eu me faço o pior. talvez para não doer tanto quando alguém me fizer o pior. mas não é verdade. eu me lanço no pior porque o pior me chegou como nome e não feito toque. o pior me chegou pronto e quem sabe de fato o que é o pior? eu quero saber. eu não quero me privar.
este projeto nasce da necessidade extrema de contemplar desejos. de ir inteiro e direto rumo ao centro de cada furacão que nos rodeia e desorienta. é um projeto que visa a destruição do aprisionamento. um projeto que fala, não de liberdade, mas de tudo aquilo que vem quando a liberdade nós já temos. então, há um nível zero que precisa se estabelecer. é preciso estar livre, ser livre, para se permitir ser outra coisa que não sabemos ainda qual vai ser.
como eu disse anteriormente, as aulas começaram e eu aqui - ainda bem - começo a escrever mais e mais em virtude das exigências curriculares. para a próxima quinta estou estudando as referências. listando tudo e voltando lá nos inícios para ver o que talvez já esteja esquecido.
calma.
essa palavra resolve alguns minutos. porque eu me vejo indo sem freio e dessa vez eu me digo: calma. assim, sem exclamação. é só porque com a calma eu tenho tempo para ver as coisas acontecendo. sem tanto furor. olhar clínico e atencioso sobre as coisas. olhar paciente que vai direto, mas só depois de ter recebido. não há desespero, há comunhão. este projeto que não se sabe ainda o que será, reside bem na sua incompreensão. ele sabe que de incompreensão não há só a dele no mundo. ele sabe que incompreender é antes de tudo, sentido.
também para esta semana eu devo escrever um texto sobre os meus desejos em relação ao projeto. estou já aqui especulando que neste texto haverá o desejo, que se manifestará por meio de muitos outros, por meio de vários tipos e gêneros. há os de ordem estética, os de ordem ética, os de ordem curriculares, de ordem pessoal e os de ordem ficcional. há inúmeros e sem fim. mas eu devo encontrar todos eles olhando para trás e vendo o que já saiu de mim. listar os desejos para encontrar os temas.
encontrar os temas para especular a dramaturgia.
navegar é preciso.
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Diogo Liberano