CAPÍTULO I - AS MÁQUINAS DESEJANTES
I.1. A PRODUÇÃO DESEJANTE
Há tão somente máquinas. Uma máquina-fonte que emite um fluxo que uma máquina-órgão corta. Sempre fluxos e cortes. O que se produz são efeitos de máquina e não metáforas.
I.1.1. PASSEIO DO ESQUIZO.
Melhor do que o neurótico sobre o divã, uma relação com o fora. Mas tudo compõe máquinas. Lenz, por exemplo (LENZ, de Georg Büchner) não vive a natureza como natureza, mas unicamente como processo de produção.
"Acredita-se muitas vezes que Édipo é fácil, que é dado. Mas não é assim. Édipo supõe uma fantástica repressão das máquinas desejantes. E por quê, com que fim? Será verdadeiramente necessário ou desejável curvar-se a isso? E com o quê? O que se há de colocar no triângulo edipiano, com o que formá-lo?" (P.13)
I.1.2. NATUREZA E INDÚSTRIA. O PROCESSO.
O esquizofrênico vive a natureza como processo de produção. A indústria (que se opõe à natureza) também absorve seus materiais e ainda lhe restitui seus resíduos. Ou seja, não há esferas nem circuitos independentes: a produção é imediatamente CONSUMO e REGISTRO.
1º SENTIDO DE PROCESSO: inserir o registro e o consumo na própria produção (são produções de um mesmo processo). E o homem se revela como o eterno encarregado das máquinas do universo, ligando uma máquina-órgão a uma energia.
2º SENTIDO DE PROCESSO: homem e natureza são uma só e mesma realidade essencial do produtor e do produto. A produção excede categorias ideais e forma um ciclo ao qual o desejo se relaciona como princípio imanente.
3º SENTIDO DE PROCESSO: o fim de todo processo não é a sua própria continuação ao infinito, ou seu fim, ou alguma meta, mas sua efetuação.
"A esquizofrenia é o universo das máquinas desejantes produtoras e reprodutoras, a universal produção primária como 'realidade essencial do homem e da natureza'". (P.16)[...]
Inicio de uma espécie de fichamento, certa decupagem sobre os escritos de Deleuze e Guatarri em O ANTI-ÉDIPO.
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Diogo Liberano