CAPÍTULO I - AS MÁQUINAS DESEJANTES
I.1. A PRODUÇÃO DESEJANTE
I.1.5. PRODUÇÃO DO CORPO SEM ÓRGÃOS.
Dessa identidade produto-produzir surge um terceiro termo na série linear: ENORME OBJETO NÃO DIFERENCIADO.
Já que tudo se coagula e depois recomeça, seria melhor que nada funcionasse. Estando os fluxos de energia ainda muito ligados, assim também os objetos parciais são muito orgânicos. E dessa forma, um puro fluido em estado livre - sem cortes - está em vias de deslizar sobre um corpo pleno.
"As máquinas desejantes fazem de nós um organismo; mas, no seio dessa produção, em sua própria produção, o corpo sofre por estar assim organizado, por não ter organização outra ou organização nenhuma" (P.20)
O corpo pleno sem órgãos é, portanto, o improdutivo, o estéril, o inengendrado, o inconsumível. Artaud o descobriu, sem forma e sem figura. Tem por nome instinto de morte, logo a morte, aquela que não fica sem modelo.
Assim, é natural do desejo desejar a morte também. Alcançar o corpo pleno da morte é atingir a imobilidade do motor, é atingir a imobilidade da máquina, assim como deseja a vida.
\\
Diogo Liberano