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terça-feira, 19 de outubro de 2010

deixar-se tragar

poderia ser uma pergunta o título dessa postagem. poderia não fosse a possibilidade do escape tão impossível. não há como impedir tal movimento. sim, é bem essa a sensação que ontem me veio. a sensação de que neste momento da minha vida, tocar neste assunto, nestas obras, é declarar guerra ao meu próprio umbigo. é ultrapassar os dizeres pseudo-políticos e tocar com vertigem o espaço do corpo e da vida. do ócio e do social (corpo outro dentro do qual meu corpo transita).

confuso, não? completamente confuso. mas ainda assim conservo uma impaciência genuína. uma cansaço de ser só imagem, uma tentativa latente de ser risco de se fazer quebra de doar o próprio corpo para investigar o que possa ser a ruína. o que possa ser esse tal ato do cegar-se, não porque não quer mais não ver, mas porque tornou-se impossível não enxergar.

é como diz blanchot em o espaço literário:
O fascínio é o olhar da solidão, o olhar do incessante e do interminável, em que a cegueira ainda é visão, visão que já não é possibilidade de ver mas impossibilidade de não ver, a impossibilidade que se faz ver, que persevera - sempre e sempre - numa visão que não finda: olhar morto, olhar convertido no fantasma de uma visão eterna.
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Diogo Liberano