\\ PESQUISE NO BLOG

domingo, 17 de outubro de 2010

nenhum personagem possível

ainda. eu tenho pensado: desta vez quero construir como dizem que tem que ser. quero experimentar a tal construção do personagem, experimentar a humanidade posta em cena, concentrada. experimentar isso ao cúmulo até fazer explodir. ir por dentro, ganhando a confiança e depois, como um terrorista, estimular o corpo (do ator, personagem) a ir se doar à perdição, ao auto-consumo, à explosão.

sim, não vai ser seguro. mas parece inevitável. sei que ler isso aqui pode estar confuso, mas a confusão é hoje minha realidade. mesmo. não há horizonte dramatúrgico possível, não há nenhuma história, não há nada a ser dito, aparentemente. toda a fábula ainda se esconde e se revela, como cabeças de golfinho perfurando o mar. isso é do artaud. talvez possa artaud finalmente me ajudar. ele com quem tenho flertado já faz tanto tempo, mas cujo universo de meus assuntos foram mesquinhos demais para a sua atormentância.

em resumo: tudo o que estou lendo está vindo e esboçando destinos possíveis. esboçando já cenas, já vontades, por vezes só efeitos. tudo querendo se fazer peça, tudo querendo ganhar foco corpo e texto. mas é cedo. ou não é. é cedo e mesmo assim sinto ser tarde. é seguir perfurando os livros e feito traça ir comendo letra por letra.
pontos de partida:
  1. O ANTI-ÉDIPO de Gilles Deleuze e Félix Guatarri;
  2. VAN GOGH - O SUICIDADO DA SOCIEDADE de Antonin Artaud;
  3. FREUD - O CASO SCHREBER E OUTROS TEXTOS de Sigmund Freud.
\\
Diogo Liberano