vetores. traços. fluxos. tiras. esparadrapos.
a cena é uma equação matemática. diz respeito a pontos de partida e de chegada. mas ali, sublinhado em verde radioativo, há o percurso, o processo, o meio do caminho.
seriam pedras? se dilatando e se confinando? seriam estas personagens essa dureza buscando mobilidade? será besteira tudo isso?
como faz para bancar o drama dessas personagens? começamos com esta pergunta. existe um drama? isto é um drama?
como faz para bancar essas personagens? começamos de novo. é preciso bancar? ter que bancar não é excessivo, não é demais?
como faz essas personagens? recomeço. são personagens? realmente? são personagens?
como faz? doing.
entra e faz. sai. volta. faz. sai. entra e faz. entra e traz. entra e fica. e corta. e pula. e salta. e adeus. nunca mais. simples desse jeito. o drama não somos nós quem fazemos. a personagem é uma leitura exterior. eu não ando pela rua dizendo que eu sou diogo liberano. eu ando. certas coisas não são ditas, certas coisas são leitura externa do acontecimento ali acontecendo.
vamos nos ausentar de algumas exigências. vamos ficar mais tranquilos. o drama do mundo não somos nós quem fazemos. o drama do mundo está no olhar de quem vê. não em quem faz. a gente estrutura uma situação – uma cena – uma composição – e quando o olhar do cara cair sobre aquilo, pronto, nasce poesia.
não nos preocupemos. não existe um problema. metade do mundo é pseudo-questão. sem conspiração. sem perseguição. é leve, seguro e divertido. é maldade porque te faz voltar-se contra si próprio. é maldade porque te exige o auto-sacrifício. porque te exige se ver e se analisar. é maldade porque abre em ti um silêncio que você não vai conseguir verbalizar.
parece bobeirinha. parece mentirinha. parece poesia, enfim.
tudo bem. deixemos parecer. o mundo comporta em si mais do que podemos comportar em nós.
por isso ele é grande. e foge. e assusta.
por que eu estou escrevendo isso?
“nem sei” dirá tomas.
nem sei, tomas. mas deu vontade. e isso é só o que importa.
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