A principal razão pela qual vem a ser tão difícil localizar a utopia num futuro ligado de maneira crível ao presente por meio de uma transformação viável reside no fato de nossas imagens do presente não identificarem agente nem processos de mudança. O resultado é que a utopia entra ainda mais nos domínios da fantasia. Embora isso tenha a vantagem de libertar a imaginação da restrição daquilo que se pode imaginar como possível - e de estimular a utopia a exigir o impossível -, apresenta a desvantagem de separar a utopia do processo de mudança social, bem como de separar a mudança social do estímulo de imagens concorrente da utopia.
trecho de LEVITAS, R., 1990. The Concept of Utopia. London, citado em HARVEY, D. Espaços de Esperança. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 2011. P. 250.