Estudando a Nova Cibernética, demandada a partir da presença de Mariko Mori no meu dia-a-dia, eis que me deparo com a situação de viewpoints entre tudo e todos,
“Sujeito e perspectiva: os dois blocos básicos da nova cibernética. De acordo com o pesquisador estadunidense Stuart A. Umpleby, a perspectiva depende da biografia e repertório (sinônimos de alma?) do sujeito observador. Para analisar com mais desprendimento o fenômeno da perspectiva, talvez seja coerente promover o fictício Senhor Palomar (CALVINO, Ítalo, 1983) de algumas experiências de pensamento. O personagem de Calvino é um observador atento, mas por mais que direcione suas formulações sobre o mundo ao seu redor, aspectos mundanos são impostos impiedosamente sobre suas distinções.
[Apresentemos] um sujeito real: o xamã amazônico. Para alguns povos indígenas ameríndios, a subjetividade não é exclusividade do sujeito, podendo transbordar para o mundo dito inanimado. Ao centrifugar a perspectiva para um ponto de vista interno, o personagem de Calvino opera num plano fechado, como se estivesse monopolizando um ponto de vista. No ‘perspectivismo’ ameríndio, cada unidade da natureza se vê como os humanos se enxergam, em outras palavras, haveria um ponto de vista único, que, devido à multiplicidade de objetos inanimados (porém munidos com pontos de vista) e corpos animados, provocaria a diferenciação de perspectivas.
O xamã amazônico opera uma espécie de gestalt switch, transferindo o ponto de vista, teoricamente exclusivo de apenas um sentido, para o plano do corpo. Ao considerar uma subjetividade latente em todas as coisas, passível de ser compartilhada se corretamente anulada a diferenciação que acomete os agentes do mundo a todo momento, o xamã torna-se um co-sujeito polisensorial. Ele é literalmente interativo, e não reativo aos estímulos.”