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sábado, 25 de junho de 2011

significante sem referente

O que o abandono de todo discurso da Utopia no campo da esquerda tem provocado é deixar em suspenso a questão da autoridade válida e legítima (ou, mais exatamente, deixá-la nas garras dos moralismos dos conservadores - tanto na variedade neoliberal como da religiosa). Essa renúncia deixou o conceito de Utopia, na observação de Marin, como um puro significante sem referente que faça sentido no mundo material. E para muitos teóricos contemporâneos - incluindo Unger - é nessa condição que o conceito pode e deve permanecer: como puro significante de esperança destinado a jamais adquirir referente material. O problema é no entanto o de que, sem uma visão de Utopia, não há como definir para que porto poderíamos querer rumar.

HARVEY, D. Espaços de Esperança. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 2011. P. 248.