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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

como adaptar um romance?

não sei. talvez por isso tenha sentado um instante, nesta madrugada, para escrever sobre o que venho escrevendo. faz um dia que terminei de ler o romance e sem muito planejamento, comecei a produzir cenas de capítulos do romance. comecei pelo final. sabe-se lá o motivo de tal escolha. mas está interessante. terminei dois capítulos e aconteceram muitas coisas nesse curto percurso.

primeiro. não tenho dúvida de estar escrevendo uma obra nova. tenho alguns novos personagens e acho que até o fim outros vários serão criados. há cortes severos e - foi necessário me convencer logo disso - todos os longos trechos descritivos de um romance não podem estar presentes numa escrita dramática. e - o que mais me diverte - é administrar a guerra entre os diferentes tempos verbais.

o mais interessante tem sido ver como é preciso ter um foco absurdo. porque realmente é muito excessiva a quantidade de letras palavras e tramas que cabem num romance. de fato, em se falando de uma peça teatral, essa quantidade precisa cair, reduzir, sumir. há - pelo menos por minha parte - a necessidade de ser direto e reto e econômico. e, para minha surpresa, a aposta de que é preciso também ser leve e divertido.

começar escrevendo as cenas de trás para frente ocorre porque, penso agora, aproveito o frescor da leitura recém-acabada. estou com as partes finais mais frescas e está sendo fácil revirar um dado capítulo e encontrar as partes que eu mesmo lembro e me interesso por resgatar. que experiência maravilhosa. quero escrever essa peça em no máximo duas semanas, ao todo.

preciso pontuar que isso não significa muito ainda porque o grande desafio é ver como eu consigo tornar presencial certos acontecimentos que pelo romance me são contados após já terem acontecido. como acabar com o narrador, com o personagem que vai me contando tudo? eis o grande desafio dessa adaptação/criação. sobretudo, creio que é extremamente desafiador ter que me virar com as rubricas e falas para dar conta de toda a subjetividade que as longas descrições de um romance são capazes de nos dar. é foda. muito deliciosamente foda.

hoje vou dormir mais cedo um pouco. antes de dormir, porém, uma lida novamente nas dez páginas já escritas e um acerto ali, outro acolá. não vai adiantar transformar um romance de quase quinhentas páginas em uma peça de cinco horas. 

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Diogo Liberano