Começo andando de quatro passando por trás de todos, me arrasto em Laura e entro no quarto de círculo. Me posiciono na quina de frente para todos, de pé. Faço postura (peito mais aberto que meu normal e "pés de bailarino"). Olho nos olhos de todos. Me viro de costas , zero, vou virando de frente apenas para Laura. Caminho para ela sem saber se vou de quatro ou de pé. Chego até ela e me ajoelho. Faço gesto com a mão direita como quem entrega algo. Um tanto assustado e com voz baixa digo:
Ao atravessar a rua, tome cuidado. Os carros, hoje em dia, atropelam feito bondes.
O sinaleiro, Preste a devida atenção, fica mais leve do que parece quando venta.
Nesta cidade venta tanto.
Giro e fico de costas para ela, ainda de joelhos, utilizando meus braços para trás como se estivesse de frente e digo em tom firme:
Eu gosto de andar peças ruas com você.
Gosto mesmo de roçar meu braço no seu casaco.
É lã. E lã é bom e aquece.
E hoje faz tanto frio.
Por isso talvez o desejo de te abraçar.
Fico de cócoras, em referência a primeira composição de Kevin. Viro cambalhota e deitado de barriga para cima, braços e pernas abertos, dizendo de maneira "fanfarrona":
Eu digo, sempre ao meu filho, seja mesmo isso aí que você quer ser. Pq eles inventam cada coisa e eu não vou ficar pesquisando se é certo ou errado.
Me viro de barriga para baixo, com a cabeça para frente digo:
é simplesmente o que é. Simples, não?
Olho para Márcio, sorrio e pergunto:
Tudo bem?
Me encaminho em direção a Laura de quatro sem olhá-la nos olhos direito. Paro de frente para ela, de cabeça baixa e ainda de quatro e digo:
é que se eu deixar
eu esqueço de nos lembrar
que há amor entro dois seres amantes.
Retorno para a quina sem saber se de quatro ou de pé, Fico de pé na quina, de costas, viro para todos. Olho para todos. Me retiro. Fim.