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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Virginia- Como virar música


SOBRE A MÚSICA
A música (do grego μουσική τέχνη - musiké téchne, a arte das musas) é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncio seguindo uma pré-organização ao longo do tempo.
É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana. Atualmente não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de arte, considerada por muitos como sua principal função.
A criação, a performance, o significado e até mesmo a definição de música variam de acordo com a cultura e o contexto social. A música vai desde composições fortemente organizadas (e a sua recriação na performance), música improvisada até formas aleatórias.
Para indivíduos de muitas culturas, a música está extremamente ligada à sua vida. A música expandiu-se ao longo dos anos, e atualmente se encontra em diversas utilidades não só como arte, mas também como a militar, educacional ou terapêutica (musicoterapia). Além disso, tem presença central em diversas atividades coletivas, como os rituais religiosos, festas e funerais.
Há evidências de que a música é conhecida e praticada desde a pré-história. Provavelmente a observação dos sons da natureza tenha despertado no homem, através do sentido auditivo, a necessidade ou vontade de uma atividade que se baseasse na organização de sons. Embora nenhum critério científico permita estabelecer seu desenvolvimento de forma precisa, a história da música confunde-se, com a própria história do desenvolvimento da inteligência e da cultura humana.

TORNAR-SE MÚSICA
Definir a música não é tarefa fácil porque apesar de ser intuitivamente conhecida por qualquer pessoa, é difícil encontrar um conceito que abarque todos os significados dessa prática. Definir-se música, torna-se assim, mais complexo. Mais do que qualquer outra manifestação humana, a música contém e manipula o som e o organiza no tempo. Talvez por essa razão ela esteja sempre fugindo a qualquer definição, pois ao buscá-la, a música já se modificou, já evoluiu. E esse jogo do tempo é simultaneamente físico e emocional. Como "arte do efêmero", a música não pode ser completamente conhecida e por isso é tão difícil enquadrá-la em um conceito simples. Partindo desse pressuposto, Tornar-se música torna-se uma ação de infinitas possibilidades, dependendo do temperamento, crenças e estrutura psicofísica do indivíduo.
Definição negativa
Uma vez que é difícil obter um conceito sobre o que é a música, alguns tendem a definí-la pelo que não é:
  • A música não é uma linguagem normal. A música não é capaz de significar da mesma forma que as línguas comuns. Ela não é um discurso verbal, nem uma língua, nem uma linguagem no sentido da linguística (ou seja uma dupla articulação signo/significado), mas sim uma linguagem peculiar, cujos modos de articulação signo musical/significado musical vêm sendo estudados pela Semiótica da Música.
  • A música não é ruído. O ruído pode ser um componente da música, assim como também é um componente (essencial) do som. Embora a Arte dos ruídos teorizasse a introdução dos sons da vida cotidiana na criação musical, o termo "ruído" também pode ser compreendido como desordem. E a música é uma organização, uma composição, uma construção ou recorte deliberado (se considerarmos os elementos componentes do som musical). A oposição que normalmente se faz entre estas duas palavras pode conduzir à confusão e para evitá-la é preciso se referir sempre à ideia de organização. Quando Varèse e Schaeffer utilizam ruídos de tráfego na música concreta ou algumas bandas de Rock industrial, como o Einstürzende Neubauten, utilizam sons de máquinas, devemos entender que o "ruído" selecionado, recortado da realidade e reorganizado se torna música pela intenção do artista.
  • A música não é totalizante. Ela não tem o mesmo sentido para todos que a ouvem. Cada indivíduo usa a sua própria emotividade, sua imaginação, suas lembranças e suas raízes culturais para dar a ela um sentido que lhe pareça apropriado. Podemos afirmar que certos aspectos da música têm efeitos semelhantes em populações muito diferentes (por exemplo, a aceleração do ritmo pode ser interpretada frequentemente como manifestação de alegria), mas todos os detalhes, todas as sutilezas de uma obra ou de uma improvisação não são sempre interpretadas ou sentidas de maneira semelhante por pessoas de classes sociais ou de culturas diferentes.
  • A música não é sua representação gráfica. Uma partitura é um meio eficiente de representar a maneira esperada da execução de uma composição, mas ela só se torna música quando executada, ouvida ou percebida. A partitura pode ter méritos gráficos ou estéticos independentes da execução, mas não é, por si só, música.
  • Um dos poucos consensos é que ela consiste em uma combinação de sons e de silêncios, numa sequência simultânea ou em sequências sucessivas e simultâneas que se desenvolvem ao longo do tempo.
O ritmo é o elemento de organização, frequentemente associado à dimensão horizontal e o que se relaciona mais diretamente com o tempo (duração) e a intensidade, como se fosse o contorno básico da música ao longo do tempo. Ritmo, neste sentido, são os sons e silêncios que se sucedem temporalmente, cada som com uma duração e uma intensidade próprias, cada silêncio (a intensidade nula) com sua duração. O silêncio é, portanto, componente da música, tanto quanto os sons. O ritmo só é percebido como contraste entre som e silêncio ou entre diversas intensidades sonoras.
Hipótese 1
Liberano (2011) apresenta a seguinte estrutura:
Derivando do triangulo Edipiano, Liberano defende que torna-se música é uma tentativa de romper com dinâmicas pré- estabelecidas para podermos enfim nos tornar algo melhor do que nós mesmos. Ao Acrescentar mais três triângulos a estrutura, aumente-se as possibilidades de troca, e de choque. Choque esse que desintegra as poucos estruturas pré concebidas, gerando o fluxo, fluxo que te tira da qualidade de observador e te coloca na condição de sujeito. Aos poucos, esse fluxo se torna o contraponto de moldes estáticos e se coloca na outra ponta da estrutura, tornando-se ao mesmo tempo um espelho e um provocador por sua característica fluida. Poderíamos chamar esse fluxo de sexo, de arte, mas acreditando que a música engloba todas essas estruturas, sugiro a música. Música assim, seria tornar-se fluxo, algo assim, melhor do que eu.
Hipótese 2
Existe uma corrente na história da música que defende que a música só se torna música na presença do olhar do outro, este sim significa a música. Sendo assim, seria possível que Kevin se torne música, não por ele, mas através do olhar do outro? Que nada realmente acontecesse fisicamente, mas sim na percepção do outro para com o Kevin? Será, ainda, que esse menino e alguma maneira captou a urgência daquelas pessoas e se tornou música não por vontade só dele, mas para ajudar aos outros?
Conclusão
Eu inspiro e expiro. Me derreto nesse fluxo sem espinha, sem pernas. Meus olhos param de ver, meus ouvidos de ouvir, minha pele de sentir. Eu me torno, apenas. Se tornar música é mergulhar no fundo do silêncio, fundo até se poder ver o humano do mundo. É tornar-se fluxo, a eterna tentativa de ser algo melhor do que eu mesmo, jorrando tentativas de transformar-se naquilo que o mundo precisa ouvir naquele momento. Música onipresente. Música acalanto de ouvido frio. Tornar-se música é tornar-se o som do próprio homem.